A mudança climática é, sem dúvida, inegável e tem imposto uma série de riscos e desafios à gestão de projetos e operações de mineração e, em particular, à gestão da água e de locais abandonados de empresas de mineração.
Tanto o fornecimento, gerenciamento e gestão de recursos hídricos, como o desempenho da infraestrutura associada às empresas de mineração, estão sob crescente pressão por conta das flutuações, presentes e futuras, da disponibilidade de água.
Além disso, o projeto e a construção da infraestrutura necessária para lidar com os impactos da mudança climática não é simples e exige que as decisões sejam tomadas com cautela e baseadas em análises detalhadas de custo-benefício.
Portanto, é aconselhável abordar estes desafios com uma abordagem holística, ou seja, combinando habilidades técnicas e de engenharia, estatutos legais, compromissos ambientais, envolvimento das partes interessadas, capacidade de análise de impacto ambiental e socioeconômico, inovação e, o mais importante, com foco em enfrentar com sucesso os futuros desafios climáticos.
Como parte desta análise, é fundamental definir e priorizar medidas de curto, médio e longo prazo.
Em geral, o processo de revisão da capacidade adaptativa da organização e avaliação de risco deve incluir:
- Avaliação e coleta de dados
- Identificação e avaliação de riscos
- Desenvolvimento (atualização) de critérios de projeto
- Desenvolvimento de medidas de mitigação
- Monitoramento e atualização da implementação das medidas e do caminho a seguir.
Neste processo específico para abordar esta parte da mudança climática, a coleta, armazenamento e análise de dados hidrométricos é o ponto de partida. Estes são parâmetros-chave no planejamento, dimensionamento, regulação e previsão de mudanças significativas no futuro. A maioria das operações de mineração pode acessar dados históricos (mesmo dos últimos 100 anos), complementados por dados coletados durante a operação.
Uma avaliação de risco robusta fornece uma primeira visão do que é necessário para gerenciar situações de crise, tais como secas ou enchentes. A contribuição dos dados em termos de padrões de eventos climáticos extremos é fundamental.
Do ponto de vista hidrológico, uma das análises mais importantes que as operações de mineração precisa desenvolver é o efeito que a mudança climática terá sobre os picos de chuva e seu efeito sobre a infraestrutura de mineração durante 20, 100 e 200 anos de retorno de eventos de inundação, incluindo a modelagem hidráulica de inundações. Estes marcos impactam fortemente as instalações como barragens de rejeitos e lixeiras de rejeitos.
Também é imperativo integrar as projeções de mudanças climáticas no modelo de balanço hídrico de toda a operação e integrar este conhecimento nos processos de tomada de decisão.
É até certo ponto compreensível que a mudança climática cause algum nível de inação, devido ao alto grau de incerteza nos dados disponíveis e ao aumento potencial dos custos de capital necessários para projetar e construir uma infraestrutura capaz de lidar com essas mudanças, muitas vezes resultando em incerteza e um desejo de reavaliar as opções em relação a diferentes cenários. Outro fator que afeta esta situação é a falta de regulamentação que exige que os municípios e outras entidades governamentais demonstrem claramente que estão lidando com a mudança climática.
Entretanto, na WSP temos a capacidade e realizamos estudos que podem esclarecer nossos clientes sobre quais são os pontos críticos para suas operações e as ações prioritárias que lhes permitem enfrentar e se adaptar às mudanças climáticas. Estes incluem: análise das tendências climáticas para o local, seleção de modelos de mudança climática, downscaling estatístico, análise das chuvas máximas de 24, 48 e 72 horas, modelagem hidráulica de enchentes, projeções de disponibilidade de água para a área de estudo, integração das mudanças climáticas, tecnologia e demanda.
Também é possível integrar estes dados na avaliação da estabilidade física dos represamentos de rejeitos sob condições de mudança climática, estimando possíveis mudanças na precipitação, temperatura e evapotranspiração; fazendo avaliações da capacidade de carga dos sistemas de descarga de emergência, entre outros.
Além disso, dada a legislação atual e a importância do legado de suas operações, é cada vez mais necessário que as empresas de mineração atualizem suas estimativas para inclusão no plano de fechamento e implementação de suas operações, onde é necessário ajustar a estimativa de base meteorológica, completar uma análise de tendência climática para o local, estudos de mudanças na recarga, reanálise e análise da precipitação máxima e provável máxima mesmo para o final do século.
A avaliação de alternativas de gerenciamento de água para planos de fechamento, incluindo os níveis do Lago Pit, assim como o projeto da planta de tratamento de água ácida e impactos potenciais, são elementos que fazem parte da análise das consequências da mudança climática na operação e fechamento do local da mina.
A infraestrutura que projetamos e construímos hoje, muito provavelmente ainda estará em serviço daqui a 100 anos. As empresas de mineração são obrigadas a considerar e incluir os efeitos da mudança climática em seus projetos atuais e futuros. Não é possível evitar este tipo de análise.
As empresas de mineração têm informações valiosas para melhorar sua resiliência climática com infraestrutura especificamente projetada para estas mudanças futuras e assim garantir sua contribuição à sociedade de maneira estável e segura.